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A cultura e as línguas clássicas

Temas a tratar: o latim e o grego — seu estudo; a língua e a cultura; as origens da língua portuguesa; etimologias; a cultura clássica e a cultura portuguesa

A cultura e as línguas clássicas

Temas a tratar: o latim e o grego — seu estudo; a língua e a cultura; as origens da língua portuguesa; etimologias; a cultura clássica e a cultura portuguesa

A chave, a clavícula e o conclave...

isa, 04.05.25

Partir à descoberta, procurar os mistérios escondidos é uma experiência empolgante, um passatempo que entusiasma.

Descobrir os segredos escondidos nas palavras, indo à sua origem, é  igualmente fascinante, é algo que nos enriquece, que traz outro sentido àquilo que ouvimos e lemos.

Hoje paramos no CONCLAVE. O dicionário de português diz-nos que é uma Assembleia de cardeais e que o vocábulo pode também designar o lugar onde se realiza essa assembleia.

Mas, o que esconde a palavra?

Conclave era, na divisão da casa da antiga Roma, o nome de um compartimento fechado com uma chave.

A palavra é formada do prefixo cum (preposição que significa "com") mais clavis que quer dizer "chave".

Era, por isso, um compartimento que, ao contrário de muitos outros espaços da casa, abertos ou fechados com uma simples cortina, se fechava à chave.

Daí o conclave, assembleia de cardeais para elegerem o Papa, porque é também uma reunião fechada, que reúne à porta fechada. E fechado, secreto é também o que lá se passa até à eleição do Papa, anunciada ao mundo pelo fumo branco que sai da chaminé.

clavis é a palavra latina para "chave".

Daí a clave, sinal inserido no início da pauta de música:

clave.ng.png

Uma clavícula é uma pequena chave, (vem do diminutivo latino de clavis), e é também um osso do nosso corpo.

E um enclave é um território que, pertencente a um país, se encontra encaixado no território de outro país.

Com a palatalização do grupo consonântico  cl -, que passou a lh-, deu o português chave.

Uma chaveta, para além de ser uma pequena chave e um instrumento da mecânica é também um sínal gráfico⦃⦗

E, porque sem a chave não abrimos o compartimento fechado, temos o vocábulo com o sentido de "fundamental", "essencial", "importante", "capital" — daí a palavra-chave, uma data-chave, um acontecimento-chave, um ponto-chave ...

E há também o chaveiro (que guarda a chave), o chavelho e o chavelhudo (o que tem chavelhos)...

Do vácuo às "vacances" e outras etimologias

isa, 01.05.25

SEDE VACANTE

Sede Vacans. A Santa Sé.png     selo.jpg

Com a morte do Papa Francisco a Santa Sé está, até à eleição de um novo Papa, em "Sede Vacante", quer dizer, a cadeira de Pedro, o lugar do representante da Igreja, está vazio. O Vaticano emitiu mesmo um selo alusivo.

Sede vacante é a expressão latina composta pelo nome sedes "cadeira, assento" (em ablativo) e o adjectivo (o particípio presente do verbo vacare, também em ablativo) que significa "estar vazio, estar vago".

Vem de tempore sede vacante, quer dizer, no tempo da cadeira vazia, sendo o tempo da cadeira vazia/vaga.

Este verbo vacare significa "estar vazio"; "estar desocupado" (uma casa, por exemplo); "estar ocioso, ter vagar para (falando de pessoas).

É da mesma raiz o adjectivo vacuus, que dá o português "vácuo", e o adjectivo latino vacivus, que deu origem ao português vazio.

Daqui vem igualmente o francês "vacances" para designar o tempo de descanso (vazio de trabalho) concedido aos trabalhadores, as férias.

Os Sabinos veneravam Vacuna, a deusa do repouso dos campos depois das colheitas.

 

Tradições — do passado ao presente

isa, 01.05.25

Lemos nas Notícias do Vaticano:

Sem nome.png

Novendiales — palavra latina para designar os nove dias de luto decretados pela Igreja Católica após a morte do Sumo Pontífice, durante os quais se celebra, em cada dia, uma missa em sua memória.

O vocábulo é formado de "novem", o númeral 9 (nove), mais "dies", "dia" e remonta à Antiguidade e a tradições que vêm desde o tempo da Monarquia Romana.

"novendiale dicitur sacrificium quod mortuo fit nona die quam sepultus est" — chama-se "novendiale" o sacrifício que se faz em honra do morto no nono dia após ter sido sepultado. — novendiale sacrum

Diz-se que a tradição remonta a Tulo Hostílio, terceiro rei de Roma, fazendo parte dos cerimoniais em honra dos mortos, que terminava com a "cena novendialis", um banquete de purificação. Nos nove dias de luto os familiares estavam dispensados de funções civis e militares.

O Catolicismo adoptou o costume, havendo referências desde o século XI, com a morte do Papa Gregório VII. Esta tradição católica, depois de algumas interrupções, foi retomada em 1958 com a morte do Papa João XXIII.

Ifigénia - II

isa, 14.09.23

Na sequência do post anterior (aqui).

Na versão que Eurípides nos conta, Ifigénia, salva por Ártemis do sacrifício,  foi levada pela deusa para o país dos Tauros, tornando-se sacerdotisa no templo de Ártemis. É esse o tema tratado na tragédia de Eurípides "Ifigénia entre os Tauros" ou "Ifigénia Táuride".

A Táurica ou Táurida corresponde à actual península da Crimeia. O nome que lhe deram os Gregos — Ταυρική Χερσόνησος (península Táurica) deriva do nome dos seus habitantes, os Tauros — Χερσόνησος, Quersoneso, significa, em grego, "península" — de νῆσος "ilha" + χέρσος "terra firme", "continental", daí "península", quer dizer, uma ilha ligada ao continente. Há também na Quersoneso Táurica uma cidade chamada Quersoneso.

Os Tauros (tauri, em latim), descendentes dos antigos cimérios, eram os habitantes da região meridional da Crimeia, mas o nome estendeu-se, depois, a todos os habitantes da península. Segundo a lenda referida por Heródoto, foi Héracles que lavrou aqueles campos com um touro (taurus) daí derivaria o nome. Foi nesta região que se estabeleceram os Gregos, fundando várias colónias.

Ponto Euxino.png  

Ucrânia e Crimeia.png

Os mapas mostram-nos as antigas colónias gregas na Península Taúrica e a actual Crimeia, península ligada à Ucrânia.

A colónia grega chamada Quersoneso ou Quérson, situava-se no local da actual cidade de Sevastopol. Aí podemos visitar a zona arqueológica com uma grande área escavada:

ruinas de Sevastopol antiga Quersoneso.jpg ruinas de Querson.jpgistockphoto-480731963-612x612.jpg

Foi, então, para esta região dos Tauros que Ártemis levou Ifigénia. O seu serviço como sacerdotisa da deusa levava-a a sacrificar todos os estrangeiros que ali chegavam como náufragos. Até que um dia aí aportou o seu irmão Orestes com o amigo Pílades. Orestes, depois de consultar o oráculo de Delfos, ia à Táurica em busca da estátua de Ártemis, no templo onde Ifigénia era sacerdotisa.

Reconhecendo o irmão, Ifigénia não os sacrificou. Levando a estátua da deusa, fugiu com eles para a sua terra da qual sentia saudades. Na obra de Eurípides, esta é uma tragédia com final feliz.

Ifigénia e Orestes.jpg

Neste mosaico romano (séc.II/III), que se encontra no Museu do Capitólio, vemos Ifigénia, com uma estátua de Ártemis na mão, em frente a Orestes.

(mapas e fotografias extraídos da net)

 

 

Uma história em imagens — Ifigénia

isa, 13.09.23

Na sequência do texto anterior (aqui) falarei hoje  de mais uma história contada em imagens.

Trata-se da história de Ifigénia (em grego : Ἰφιγένεια, nome que tem na sua formação o advérbio ἶφι que significa "com força", "com valor" e o substantivo γένος "nascimento", "raça", "origem" — Ifigénia será, portanto, de uma origem cheia de força, de uma raça valorosa).

Na mitologia grega, Ifigénia era a filha de Agamémnon e de Clitemnestra e foi sacrificada pelo pai para aplacar a ira de Ártemis que impedia a partida da armada para Tróia.

Nas Metamorfoses conta-nos Ovídio que:

"Quando a dor da afronta de um só assolou os Dánaos todos,

mil navios encheram a baía de Áulis, defronte de Eubeia.

Muito tempo aguardaram vento para a frota, mas vento algum

 se ergueu, ou então era contrário. A Agamémnon cruel profecia

ordena que sacrifique a inocente filha à desapiedada Diana.

(Ovídio, Metamorfoses, XIII, 181-185 - tradução de Paulo Farmhouse Alberto, Livros Cotovia)

Reunida a armada em Áulis, pronta a partir para Tróia, para vingar a ofensa do rapto de Helena, Agamémnon terá ofendido Ártemis (Diana para os Romanos), quando, numa caçada, se julgou superior à deusa. Como vingança, a ausência de ventos, ou ventos contrários impediam a partida da armada. Perante a impaciência de todos, é consultado o adivinho Calcas que lhes diz que a cólera da deusa só terminará com o sacrifício da filha de Agamémnon, Ifigénia. Ainda que resistindo a tal horror, Agamémnon é pressionado a cumprir a exigência de Ártemis e manda vir de Micenas a filha, com o pretexto enganoso de a casar com Aquiles. Porém, quando a jovem estava prestes a ser sacrificada no altar de Ártemis, a deusa teve piedade dela e substituiu-a por um veado, tendo-a levado para Táuris para ser sacerdotisa no seu templo (esta história será contada noutro post).

Continuamos com Ovídio:

"    ............ e Ifigénia, prestes a dar seu casto sangue,

estava de pé, diante do altar, entre os oficiantes em lágrimas,

a deusa cedeu e tapou o olhar de todos com uma névoa. A meio

da cerimónia, do alvoroço do sacrifício e das vozes das orações.

diz-se que ela trocou a jovem de Micenas por uma corça."

(Ovídio, Metamorfoses, XII, 30-34 - tradução de Paulo Farmhouse Alberto, Livros Cotovia)

Vejamos a história retratada num fresco de Pompeios, que se conserva no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles — O sacrifício de Ifigénia (Casa do Poeta Trágico, fresco do séc. I d.C.):

578px-Fresco_Iphigeneia_MAN_Naples.jpgimagem da net

Aqui vemos Ifigénia a ser levada para o sacrifício por Ulisses e Diomedes, tendo ao lado o adivinho Calcas; a jovem, de braços levantados, parece pedir piedade à deusa; no canto esquerdo, o pai, Agamémnon, tapa o rosto para esconder a dor; na coluna vemos a representação da deusa, ladeada pelos cães, visto ser a deusa da caça; no céu aparece Ártemis, trazendo consigo o veado que irá sacrificar em vez de Ifigénia.

Esta história, retratada por Ovídio e por Eurípides terá inspirado também o pintor do século XVIII, Giambattista Tiepolo, que assim representou a cena, numa sala da Villa Valmarana, em Vicenza, em 1757:

Giovanni_Battista_Tiepolo_-_The_Sacrifice_of_Iphigimagem da net

Ao centro vemos o sacerdote pronto a sacrificar a jovem, enquanto ao lado aparece Ártemis com o veado para o colocar no lugar de Ifigénia, perante o olhar de espanto de todos os presentes; só Agamémnon não olha, mas cobre o rosto com o manto para esconder o seu sofrimento.

Na literatura grega, é Eurípides que trata este tema nas suas tragédias. Em Ifigénia em Áulide, a jovem oferece-se heroicamente ao sacrifício:

Em círculos dançai, à volta do templo,

à volta do altar, em honra de Ártemis,

da soberana Ártemis,

a bem-aventurada, pois que — assim é preciso —

com o sacrifício do meu sangue

os oráculos apagarei.

Eurípides, Ifigénia em Áulide, 1480-1485.

— em tradução de Carlos Alberto Pais de Almeida, também ele vítima inocente de uma guerra, em terras africanas; publicação póstuma do Instituto de Alta Cultura e do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, 1974.

Livro Ifigénia.jpg 

Também  Sophia de Mello Breyner lhe dedica um poema.

Ifigénia

Ifigénia levada em sacrifício,
Entre os agudos gritos dos que a choram,
Serenamente caminha com a luz,
E o seu rosto voltado para o vento,
Como vitória à proa dum navio,
Intacto destrói todo o desastre.
in Coral - Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética, Caminho, 2010.

Pátroclo e Aquiles

isa, 08.09.23

Os vasos gregos contam-nos histórias, construindo com as suas pinturas uma banda desenhada sem palavras.

Um exemplo disto está no chamado “Vaso de Pátroclo”.

vaso de Patroclo inteiro.jpg

Proveniente de Canosa de Puglia, é um cráter  ou cratera  (em grego κρατήρ, κρατῆρος ) de volutas, de figuras vermelhas, datado de 340-320 a.C., que foi encontrado, em 1861, numa sepultura subterrânea, (hypogeum) e que pode ser apreciado no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles.

Ao centro estão representadas as cerimónias fúnebres em honra de Pátroclo, o amigo de Aquiles que, na Guerra de Tróia, combatendo com as armas do próprio Aquiles (que se recusava a combater, depois da disputa com Agamémnon por causa de uma cativa), foi morto por Heitor. A legenda identifica a representação da gravura — Πατροκλου ταφος (Πατρόκλου τάφος) "funerais de Pátroclo":

a legenda.png

Ao centro a pira funerária com as armas do defunto (o capacete, o peitoral, o escudo e a protecção das pernas); do lado esquerdo, Aquiles  agarra um prisioneiro para ser sacrificado, vendo-se atrás mais três prisioneiros amarrados, que serão também sacrificados em honra de Pátroclo (1):

pormenor.jpg

(1): Na Ilíada, Canto XXIII, versos 19-23, Aquiles exclama:

" Saúdo-te, ó Pátroclo, também agora na mansão de Hades.

Todas as coisas eu cumpro que antes te prometi:

arrastei para aqui Heitor, para os cães o comerem cru;

e na tua pira funerária cortarei as gargantas a doze

gloriosos filhos dos Troianos, irado porque foste chacinado." (tradução de Frederico Lourenço)

Do lado direito é Agamémnon que presta as homenagens na pira funerária, tendo aos pés um vaso com os líquidos para serem vertidos sobre a pira;  atrás dele, duas figuras femininas, a mulher (?) e uma serva.

Ao fundo vemos o carro, conduzido por Automedonte, trazendo de rastos o cadáver de Heitor.

+ pormenor.png

Na parte superior:pormenor superior.png

Ao centro, os sábios conselheiros, os anciãos Nestor e Fénix, ladeados à esquerda e à direita pelos deuses protectores dos Aqueus: vemos Atena (identificada com o escudo), Hermes (com a vara/caduceu); vemos também a mãe de Aquiles, Tétis, sempre na sombra do filho, a tentar protegê-lo, e Quíron, o Centauro que educou Aquiles.

Uma história, contada em imagens, gravada na cerâmica.

vaso de Pátroclo.jpg

(fotografias extraídas da net)

CATARATAS

isa, 07.06.23

No post anterior falei de facectomia, a cirurgia às cataratas, e sua etimologia.

E catarata? Que relação existe entre este "opacidade" do cristalino (do olho) e as quedas de água?

O vocábulo "catarata" chega-nos através do latim "cataracta" (catarata, comporta, represa) que, por sua vez, deriva do grego καταράκτης (= καταρράκτης ), "queda de água", da raiz do verbo καταρρέω "cair, desabar, cair para baixo".

Ora, segundo Hipócrates, a "opacidade do cristalino que impede a chegada dos raios luminosos à retina" deriva da queda de um líquido que escorre do cérebro para os olhos. Daí o nome "catarata".

cataratas.JPG

FACECTOMIA

isa, 02.06.23

A história das palavras é sempre fascinante. Procurar o étimo de cada vocábulo leva-nos a uma viagem sempre enriquecedora.

Assim, uma "simples" operação às cataratas de uma amiga, levou-me a procurar a designação científica deste tipo de cirurgia — trata-se de uma facectomia.

Ora, diz-nos o dicionário que o termo facectomia vem de φακός, termo que em grego significava "lentilha" (e φακός, εἴδος - quer dizer, em forma de lentilha), o nome científico do cristalino do olho, pela sua forma certamente.

O cristalino é uma lente ocular, que, quando se torna opaca, tem de ser removida através de uma cirurgia — a facectomia.

Por outro lado, em latim lens, lentis significava "lentilha"; daqui deriva o disco de vidro, a lente em português; do  diminutivo latino "lenticula" (uma pequena lentilha)  deriva o português "lentilha".

Portanto, o termo corrente, lente, e o termo médico para o cristalino do olho (uma lente) têm origens diferentes, uma veio através do latim, enquanto a ciência foi buscar o étimo ao grego.

Não confundir esta lente, com "o lente", nome dado ao professor catedrático noutros tempos. Este lente é aquele que lê, tem origem no particípio presente do verbo latino legere "ler".

Alma mater - etimologias

isa, 01.03.23

No dia 1 de Março de 1290, o rei D. Dinis cria os Estudos Gerais, em Lisboa (que mais tarde se fixarão em Coimbra), com o diploma "Scientiae Thesaurus Mirabilis". Esta data marca o nascimento da Universidade de Coimbra.

À universidade se chama, muitas vezes, Alma Mater.

O que significa isto?

"Alma" é um adjectivo latino, no género feminino, que significa "alimentadora, criadora, maternal".

O adjectivo está, nesta expressão, a classificar "mater" (= mãe). Assim, a Universidade é a "mãe alimentadora", "a mãe que alimenta". Tal como a mãe alimenta um filho, assim a Universidade alimenta o espírito dos seus alunos.

Este adjectivo pertence à mesma família do verbo alo, alis, alere que significa "alimentar", "fortificar".

É derivado deste o substantivo alumnus (que deu o português "aluno"). O vocábulo alumnus designava, em latim, a criança de peito (que era alimentada pela mãe), daí a designação passou para aquele que era alimentado pelos mestres, o aluno.

Assim os vocábulos evoluem do sentido primeiro, material, para um sentido espiritual, cultural.

A esta mesma família pertencem os vocábulos: alimento, alimentar.

Saber Latim - língua de cultura

isa, 27.02.23

"O Latim não é simplesmente um idioma, é uma porta para o conhecimento" — afirma Emílio del Rio, professor de Filologia Latina na Universidade Complutense de Madrid, ao jornal El Correo, de Miranda do Ebro, de 24 de Fevereiro de 2023 (a notícia pode ser lida aqui).

Na verdade, "não é possível falar de cultura sem falar dos clássicos, da cultura greco-latina, a semente e a raiz de todos os saberes. Da filosofia à retórica e ao direito, das artes plásticas à poesia, os autores gregos e romanos são a fonte onde sucessivas gerações vão beber. E nenhum modernismo ou choque, artístico ou tecnológico, pode sequer pensar em pôr de parte esta herança milenar que, sempre, ainda quando abertamente negada e atacada, está na base de qualquer conhecimento, actualizado e renovado em todas as épocas" (I. M. 2008).

E, como diz o professor Emílio del Rio:

"Leer a los autores clásicos es el mejor manual de autoayuda que puedas encontrar, pero de autoayuda real para tu día a día, no un manual de esos para que te crezca el pelo".

Por isso, sigamos o conselho do grande poeta:

Dimidium facti, qui coepit, habet; sapere aude,
incipe
(Horácio, Ep. I, 40)

"O que começou tem já metade do feito; ousa saber,

começa!"

Sabendo que:

  • Nemo potest omnia scire — Varrão, De Re rustica - Ninguém pode saber tudo.mas:
  • Nihil dulcius quam omnia scire — Cícero — nada mais agradável do que saber tudo.
  • Vt sementem feceris, ita metes — Cícero, De Oratore — Conforme fizeres a sementeira, assim colherás.