Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A cultura e as línguas clássicas

Temas a tratar: o latim e o grego — seu estudo; a língua e a cultura; as origens da língua portuguesa; etimologias; a cultura clássica e a cultura portuguesa

A cultura e as línguas clássicas

Temas a tratar: o latim e o grego — seu estudo; a língua e a cultura; as origens da língua portuguesa; etimologias; a cultura clássica e a cultura portuguesa

Diógenes procurava HOMENS

isa, 14.06.16

Captura de ecrã - 2016-06-14, 12.37.53.png

estátua de Diógenes onde?.jpgestátua de Diógenes em Sinope, sua terra natal

 

 

Diógenes, o filósofo, nasceu em Sinope (actual Turquia), mas teve de exilar-se em Atenas, segundo alguns historiadores por ter falsificado moeda (seu pai era banqueiro). Viveu também em Corinto onde veio a falecer, já em idade avançada.

Em Atenas foi discípulo de Antístenes, um aluno e amigo de Sócrates. Antístenes considerava que a felicidade só se alcança pela virtude e que a maior parte dos prazeres não contribuem para tal.

Diógenes foi o seu mais acérrimo seguidor e do apodo que lhe foi dado derivou o nome desta escola filosófica — os cínicos.

Cínico vem de κύων, κυνός, que significa cão ( adj. κυνικός "relativo ao cão"). Assim o tratavam os atenienses por causa da vida que levava e da forma como se dirigia às pessoas para as criticar, “ladrando” como os cães.

Levou até ao extremo as ideias filosóficas do desapego dos bens materiais. Crítico acérrimo da vida social de então, insurgia-se contra os homens que se dedicavam ao luxo e ao prazer material, pois, para ele, a felicidade consistia apenas na satisfação das necessidades básicas. Levava uma vida de total austeridade, vivendo como um mendigo, pedindo esmola nas ruas. Como não lhe davam nada, ele criticava os atenienses que davam esmola aos aleijados, surdos, mas não aos filósofos porque acreditavam que se podia ser cego ou coxo, mas nunca alguém que perdia tempo a pensar. Afirmava ser, na realidade, um cão de caça, daqueles cães que muitas pessoas louvam, mas sem ousar caçar com eles. Era, no fundo, um apátrida, um cidadão do mundo, alguém que, pela palavra, procurava lutar contra a corrupção, contra uma sociedade onde os ricos se banqueteavam e desprezavam os pobres.

Diógenes Laércio na sua obra “Vidas de filósofos ilustres”, livro VI, cap. 2, conta-nos muitas histórias que corriam acerca de Diógenes, pequenas anedotas. Uma das mais conhecida é aquela que diz que ele andava com uma lanterna em plena luz do dia, clamando pela ágora que procurava um homem.— “ Ιώ άνθρωποι“. Quando alguns homens, numa ágora cheia de gente, vieram até ele, Diógenes afugentou-os, exclamando “chamei por homens, não por desperdícios” (“άνθρώπους εκάλεσα ού καθάρματα” )1

Crítico de Platão cujas ideias considerava inúteis para o homem, diz-se que, tendo Platão afirmado que o homem é um animal com dois pés e sem penas, Diógenes depenou um galo e levou-o à escola do filósofo, exclamando “Eis o homem de Platão”.

 

Bibliografia:

  • 1 Diógenes Laércio, VI, 2, καθάρματα: palavra com que se designavam os objectos que, nas purificações, eram rejeitados como impuros.
  • C.Howatson, Diccionario de la Literatura Clasica, Alianza Ed., 1991.
  • Diógenes, el filósofo que vivió como un perro”, in Historia – National Geographic, nº 145.