Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

A cultura e as línguas clássicas

Temas a tratar: o latim e o grego — seu estudo; a língua e a cultura; as origens da língua portuguesa; etimologias; a cultura clássica e a cultura portuguesa

A cultura e as línguas clássicas

Temas a tratar: o latim e o grego — seu estudo; a língua e a cultura; as origens da língua portuguesa; etimologias; a cultura clássica e a cultura portuguesa

O nó górdio

isa, 08.04.17

Górdio era uma cidade da Frígia (região da Ásia Menor, actualmente território da Turquia), nome que deriva de um dos seus reis, Górdio.

 

Conta a lenda que, em tempos remotos, estando a Frígia mergulhada em terríveis lutas internas, eis que, certo dia, quando os Frígios estavam reunidos em Assembleia, chega à cidade um camponês, com sua mulher e filho, num carro puxado por bois.

Acontece que um oráculo tinha dito que um carro de bois lhes traria um rei que poria fim aos distúrbios. Acreditando nas previsões do oráculo, os frígios elegeram Górdio como seu rei.

Górdio, como agradecimento, dedicou o seu carro a Júpiter, colocando-o na Acrópole atado com o jugo e um nó difícil de desatar.

Após um longo reinado de paz e prosperidade, a Górdio sucedeu seu filho Midas, que morreu sem deixar sucessor.

 

Então um novo oráculo anuncia que quem conseguisse desatar o nó do carro gordiano, que muitos tentavam desatar sem sucesso, seria o rei de toda a Ásia.

 

Um dia Alexandre, O Grande, entra na cidade e vê na Acrópole o carro e o complicado nó.

Assim nos conta o historiador Quinto Cúrcio (3, 1, 12-14):

Vehiculum quo Gordium, Midae patrem, uectum esse constabat, aspexit, cultu haud sane a uilioribus uulgatisque usu abhorrens. Notabile erat iugum adstrictum conpluribus nodis in semetipsos inplicatis et celantibus nexus.

 

“Viu o carro no qual constava que Górdio, pai de Midas, tinha sido transportado, que, na aparência, não diferia dos mais comuns e vulgares em uso. Notável era o jugo apertado com vários nós entrelaçados em si mesmos e com os laços escondidos.“

 

Quando os habitantes lhe falaram no oráculo, Alexandre tentou cumprir a previsão. Os Frígios rodearam-no, para ver de que modo ele resolveria o intrincado nó que ninguém tinha conseguido desatar, visto que as laçadas estavam feitas com tal arte que não era possível ver nem o princípio, nem o fim ( ut unde nexus inciperet quoue se conderet nec ratione nec uisu perspici posset).

 

Então, Alexandre terá dito:

 

 

"Nihil interest quomodo soluantur",

e

gladioque ruptis omnibus loris oraculi sortem uel elusit uel impleuit.

 

“ “Não interessa a forma como são desatados” e tendo cortado com a espada todas as correias, cumpriu ou zombou do sentido do oráculo.”

 

 

Assim a expressão “nó górdio” ficou como metáfora para designar uma dificuldade que parece impossível de resolver, significando “desatar o nó górdio” a capacidade para, de forma inesperada, resolver o que parecia impossível.

 

1 comentário

Comentar post